IMHO: Avante Sofativistas - Tem q começar de algum lugar!
Comentei na semana passada sobre o churrascão da gente diferenciada: uma brincadeira que começou na internet e se desenrolou em um protesto bem-humorado, criativo, pacífico e - mais interessante - sem bandeiras.
Muito do que poderia ser dito, foi muito bem comentado pela Cynara Menezes em seu ótimo artigo da Carta Capital.
Mas eu gostaria de desenvolver um pouco mais sobre os movimentos iniciados na internet e suas repercussões. Iniciativas que foram batizadas como "os revolucionários de sofá" ou simplesmente os "sofativistas".
Preço Justo, Palavrões e Games.
Para contextualizar, vou citar outro exemplo recente.
No final de abril/11, Felipe Neto, uma famosa personalidade da internet, utilizou de sua popularidade para iniciar uma campanha falando sobre algo que todo mundo pensa, todo mundo fala, mas ninguem é ouvido: os impostos exorbitantes que pagamos. É o movimento #PreçoJusto:
Tão rápido quanto o raio do mago Shazam atinge seu clamador Billy Batson, foram publicadas críticas e replicas, destacando no geral:
- o linguajar utilizado na campanha - recheado de palavrões;
- o discurso ser pueril;
- acusações de apenas querer ganhar mais seguidores no twitter;
- e - finalmente - que é o tipo de campanha adorada pelos sofativistas.
O tal linguajar - ou a maneira de se expressar
Uma manifestação, por não se utilizar da norma culta, ou não sendo um discurso ortodoxo perde totalmente a sua validade?
Um exemplo são as manifestações em qualquer mídia social da internet (twitter/orkut/facebook), que aparentemente perde a sua credibilidade e vira motivo de piada simplesmente por possuir algum termo grafado de maneira incorreta ou não concordando com o tempo verbal.
Segundo essa lógica, minha mãe - que só teve oportunidade de estudar até a sexta-serie e que adora o "notrubuque" que ganhou de dias das mães - nunca terá direito a ter voz para nada.
Acho que é muito pelo contrário: dependendo do contexto, um protesto escrito errado corrobora ainda mais para seu o argumento!
Ou seja: a palavra (apenas um símbolo) não deve ser mais importante do que o objeto a que ela representa.
O discurso pueril
Então todo e qualquer discurso/declaração deve ser baseado em estudos, profundas pesquisas científicas, teses e mestrados?
Se não for declamado por uma importante figura na área, estudioso, ou que dê aula a mais de 200 anos em Harvard, não vale de nada?
Essa é a mesma lógica que dita que todo médico que apareça na TV deve usar um jaleco branco, mesmo que esteja na rua.
Ou que todo engenheiro - ponha aqui a sua engenharia favorita - fale de maneira incompreensível.
Ou ainda que alguém que não trabalhe usando o ultimo grito na moda social de paris, não presta um bom serviço.
O que deve ficar claro é que o importante é a idéia que se queira passar, não importa quem a passou ou como está empacotado. E que seja da maneira mais simples e fácil de ser compreendida possível.
Não precisa ser o melhor discurso do mundo, com os melhores dados e mais corretos em suas miudezas, mas se chamar à reflexão, já tem o seu valor.
Ou seja, não importa o que é dito, mas a idéia que quer ser passada. Cabe a quem tem um conhecimento maior interpretar da maneira mais adequada.
Mais seguidores no twitter?
Sinceramente: o que importa?
Se apenas 10 das 500.000 que viram o vídeo forem despertados da matrix, já é um benefício muito maior do que mais 100.000 seguidores que ele ganhar.
Ou seja: mais vale 10 despertos lutando por zion, do que todos dormindo comendo frango virtual!
Os protestos dos que não fazem nada!
Assim como o churrascão da gente diferenciada, esse é o tipo de movimento que contradiz a máxima de que "A revolução não será tuitada", tão difundida
A teoria se baseia na idéia de é muito mais fácil qualquer um dar um clique e participar de um abaixo-assinado virtual, do que comparecer a um protesto presencial.
Essa idéia pressupõe que a sociedade é composta por indivíduos que se acham pequenos demais para fazer a diferença e importantes demais para correr o risco, e por isso não fazem nada fora do espaço virtual.
Pode até ser verdade..
Quando se é uma unica pessoa a reclamar e se vê sozinha falando para parede.
Entretanto, os mais de 500.000 apoiadores do #PreçoJusto, as 1000 pessoas compareceram ao protesto presencial e outras 50.000 que declararam seu apoio ao churrasção, mostram que o cenário está mudando.
Elas não estão mais sozinhas.
Mesmo a mídia corporativa minimizando o resultado do churrasção para o grande público
Como não considerar esse resultado um sucesso?
Como não atribuir esse sucesso ao alcance, à velocidade e à distribuição provida pela internet?
Em um país onde temos alguns dos carros, o transportes, a internet, as passagens de avião, os eletrônicos (e etc) mais caros do mundo - todos de baixa qualidade -, e que em contra partida, é habitado por um povo adestrado a achar que é subordinado aos seus governantes, QUALQUER manifestação que abra os olhos do mínimo de pessoas deveria ser aplaudido de pé!
Pois é muito mais do que a maioria faz.
A voz do povo
Antes da internet, a grande mídia - como a Globo, Veja, Folha e etc. - eram responsáveis por transmitir a insatisfação do povo. Eram os representantes do povo.
Antes esses 550.00 do #PreçoJusto e do Churrasção não tinham vozes. Eram apenas números em uma nota da página 7 ou - quando com sorte - de uma charge.
Com a popularização do acesso à internet, o cenário muda de figura. Agora, é possível incitar uma manifestação 100% popular sem o apoio das grandes mídias.
Hoje essas 550.00 pessoas não tem apenas voz, mas também produzem vídeos, blogs, tuites, manifestos assinados e tudo mais a tecnologia e a nossa inovação permitir.
Dessa vez, podemos fazer por ouvir as nossas vozes.
Será que esse todo barulho não muda nada?
Não pode nem ser considerado um começo?
Haters gonna hate
É muito fácil apontar os erros dos outros e esquecer dos nossos.
É muito mais fácil ainda atribuir os nossos erros aos outros.
Uma dica geral para tentar não cair nessas pegadinhas:
Critica pela critica < Critica construtiva.
Por tanto, qual será que merece mais valor?
E se a critica construtiva não for ouvida, por que não fazer melhor e mostrar? ;D
É mais ou menos isso.
E mais um milhão de coisas.
Marcadores: filosodia de buteco, IMHO







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